segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Instalação questiona o futuro da humanidade



A usina e a energia nuclear foram, por um longo período, alguns dos grandes símbolos do futuro. Não à toa, uma das bandas mais techy e avant-garde de todos os tempos, o Kraftwerk, mencionava em seu nome esse símbolo, como sinal dos novos tempos – kraftwerk em alemão significa usina de energia. Atualmente, porém, sabe-se que a energia nuclear não é muito segura e pode causar danos irreversíveis à humanidade. Para quem não se lembra, aconteceu no Japão uma experiência recente que comprova isso. Abordando a paranoia nuclear, fazendo uso da tecnologia e convidando a refletir sobre o uso e o abuso do poder nuclear, o coletivo espanhol luzinterruptus criou a instalação Control Radiactivo.


A luz é o objeto central dessa obra, e dos trabalhos tecnológicos em geral do grupo, com a ideia de que ela chama a atenção dentro de um ambiente não esperado. Em outras palavras, “com a luz conseguimos provocar um grande impacto visual”, conta o pessoal do coletivo. E sem dúvida eles nos impressionam com o visual desse trabalho e suas 100 figuras radioativas, misteriosas e iluminadas, avançando de forma ameaçadora num ambiente natural. A razão da instalação, segundo o grupo, era a de convidar a refletir sobre o uso do poder nuclear, barato em termos econômicos, mas que pode causar sérios efeitos colaterais ao ambiente e à saúde.

Além da luz, lixo, reciclagem, materiais simples e o próprio ambiente são inspirações no processo criativo: “a vida na cidade, o uso dos espaços públicos, ambientes de natureza inóspita e demandas sociais”, dizem. O ambiente, no caso de Control Radiactivo, é um campo aberto do festival de música e arte Dockville, em Hamburgo, Alemanha. O local não poderia ser mais indicado. A Alemanha, apesar do seu passado de incentivo às usinas nucleares e de modernização tecnológica – que já foi inspiração para bandas de Krautrock, pro Kraftwerk e pro David Bowie -, foi o primeiro dos países europeus a anunciar o abandono total de energia dessa natureza até o ano de 2022. Segundo o coletivo, é um caminho a ser seguido.

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